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"A inovação é a única saída”, afirma José Salibi Neto sobre empreender em uma era de rupturas

Escritor best-seller e cofundador da HSM, José Salibi Neto é presença confirmada no 11º Fórum IEL de Inovação, dias 7 e 8 de maio, na sede da Federação das Indústrias do Rio Grande do Sul (FIERGS). Em seus quase 40 anos de carreira, Salibi trabalhou com grandes nomes da gestão, como Peter Drucker, Jack Welch, Jim Collins, Michael Porter e Philip Kotler, além de líderes globais como Bill Clinton e Tony Blair. Sua palestra, intitulada O Novo Código da Cultura: transformação organizacional em uma Era de Rupturas, acontece no segundo dia de evento. As inscrições estão abertas e podem ser realizadas no link Fórum IEL de Inovação - 11ª Edição - Porto Alegre, 7 a 8 de maio de 2025.
 

Para Salibi, a inovação é a única saída, e quando uma empresa não consegue se adaptar, cria oportunidade para outras. Nesta entrevista, aborda justamente o quanto a cultura é o grande gargalo da transformação digital: "Se não tem uma cultura para sustentar a transformação, a tecnologia será usada de forma errada".

Leia os principais trechos:

A sua palestra aborda o novo código da cultura. O que o senhor define como cultura organizacional?  
Cultura é o sistema de alinhamento de pensamento que uma organização tem e que a norteia em busca de um objetivo. É algo que vai sendo construído ao longo do tempo. Antigamente, você criava esse sistema de pensamento, de comportamentos, e ele durava muito tempo. Hoje, pelas disrupções tecnológicas e econômicas, está tendo que ser constantemente ajustado, e é aí que o bicho pega! Muitas empresas não conseguem fazer isso, e acabam sendo “atropeladas”. Tecnologia todo mundo tem, agora a maneira como você encara tudo isso é fruto da cultura da empresa. Aí é o desafio: o ser humano não gosta de mudança, ele gosta de previsão, de constância. Hoje a empresa que não está na ponta do pé o tempo todo acaba sendo engolida, e você manter uma empresa constantemente nesse estado não é fácil. Por isso, tantas empresas estão perdendo sua relevância, como Blockbuster, Nokia, Blackberry e tantas outras. Temos estudado isso: como desenvolver sistemas de gestão para que as empresas não se percam e continuem relevantes.

O que caracteriza essa era de rupturas que você aborda na palestra?
Essa era é mais conhecida pela ruptura tecnológica, mas ela não é só isso. Ela é política, econômica e social. As rupturas vêm de todos os lados. Hoje, por conta da política econômica dos Estados Unidos, está sendo criada uma nova ordem econômica mundial. Veja o exemplo da Apple: de repente, produzir um iPhone passará a custar muito mais, de um dia para o outro. Como você adapta a sua empresa a isso? Como você mantem uma empresa resiliente para absorver esse tipo de coisa? O grande problema das empresas é que elas não foram construídas para serem resilientes, e, em um momento disruptivo como este, elas se perdem, não sabem o que fazer. A ruptura está em todas as esferas. Por isso, todo mundo precisa estar em movimento. O mundo não para e a gente tem que saber se adaptar.

Como esse momento possibilita a inovação?  
A inovação é a única saída. A partir do momento em que o teu modelo de negócio não funciona da forma como funcionava, apenas uma maneira diferente de pensar vai salvar a empresa e levar ela adiante. Quando algumas organizações não conseguem se adaptar, é criada a oportunidade para outras. É o caso da Blockbuster. Ela não se adaptou ao mundo da tecnologia, aí veio a Netflix e entendeu essa nova dinâmica. Em pouco tempo, a Blockbuster perdeu totalmente a sua relevância. As organizações precisam ter um sistema que produza inovação de uma forma consistente e recorrente. Inovação não pode acontecer só de vez em quando.

O senhor já afirmou que é possível mudar a cultura de uma organização. Isso pode acontecer desde as pequenas empresas até as grandes multinacionais? 
Sim! A cultura age em empresas de uma pessoa até empresas com centenas de milhares de colaboradores. Quando fundei a HSM, éramos três pessoas, e lá nós já estabelecemos muito claramente qual seria a cultura da empresa. Nossa visão acerca dos clientes, inovação, já estava tudo definido desde o começo. As pessoas querem mudanças, mas também já querem sair vendendo mais no dia seguinte. Não funciona assim. Por isso o papel da cultura é tão importante.

Qual o papel dos princípios organizacionais na transformação da cultura de uma empresa? 
Eles tangibilizam a cultura. Eles dão o tom para o que a organização acredita em termos de visão, comportamento e estratégia. É algo mais palpável, diferente da visão, missão, valores e propósito, que são muito importantes, mas mais abstratos. Os princípios trazem para o dia a dia, para entender o que é importante para aquela empresa, o que ela espera em termos de comportamento, para que todo mundo se alinhe. A Amazon, por exemplo, faz isso muito bem. A Amazon tem 16 princípios que conseguem alinhar cerca de um milhão e meio de colaboradores.

O que esperar da sua palestra no 11° Fórum IEL de Inovação?
Vou trazer essa visão atualizada sobre cultura, que é um tema muito importante, mas que ficou parado no tempo. Antigamente, tudo mudava, menos a cultura. E agora a gente percebe que o grande gargalo da transformação digital tem mais relação com a mudança cultural do que com a tecnologia, porque tecnologia todo mundo tem. Agora, se você não tem uma cultura que sustenta tudo isso, a tecnologia vai ser usada de maneira errada. Vou apresentar os elementos que possibilitam uma evolução cultural saudável.

Publicado Terça-feira, 29 de Abril de 2025 - 14h14