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A tecnologia não tem nada a ver com nosso problema de comunicação e nossa falta de sabermos como nos comunicar - a questão toda é: como aprender a nos comunicarmos com as ferramentas que estão disponíveis neste novo tempo !”

O Futuro foi antecipado e nos pegou despreparados no que se refere à comunicação e seus diversos formatos? Estamos sendo forçados a aprender como funcionar de modo remoto? Como dar conta de atender demandas de engajamento de equipes e manutenção de resultados positivos numa atmosfera de aprendizado e novos desafios, agora que o futuro já chegou?

Para responder a esta e outras perguntas o IEL RS realizou o “Diálogos para o Agora”,  com a participação de Daniel Wildt, palestrante especialista em desenvolvimento de equipes   focadas em aprendizado, melhoria contínua e autonomia. Daniel, que também produz conteúdo em vídeo, áudio e texto sobre consciência de tempo, experiência de usuário, empreendedorismo e métodos ágeis, nos apresentou em um bate papo informal, porém bastante didático, seu olhar sobre o momento atual em que estamos todos inseridos, tendo sido preparados para isso ou não.

O primeiro aprendizado desta conversa foi a de que precisamos ‘pegar mais leve’, conosco e com os outros, pois, estamos sim, todos aprendendo neste novo mundo digital. A maioria de nós não tem noção alguma do que está acontecendo e nem de para onde estamos indo. Estamos todos em módulo de aprendizagem e para isso a questão da vulnerabilidade nunca esteve tão premente.

Nunca antes foi tão importante nos desapegarmos de papeis rígidos que costumávamos ocupar e de trazermos espaços de flexibilização para o diálogo. Se até agora vivíamos em uma época da comunicação em que a maioria de nós ainda esperava a pausa da respiração do outro acontecer para introduzir sua opinião, este é o momento ideal para repensarmos nossos papeis de fala e escuta.

Nunca antes foi tão importante repensarmos sobre ‘como me coloco’ neste processo comunicacional’, onde novas estruturas e ferramentas se apresentam e onde precisamos ter muito claro qual nosso papel e em que local devemos nos colocar para não nos transformarmos em entraves à efetiva comunicação.

É preciso muita sensibilidade na escuta e flexibilidade com o papel que desempenhamos no momento da comunicação, para definirmos com competência o local de nossa fala, ou seja, se estou no papel de fala, preciso estar no local de fala – entendendo que é preciso preparar este ‘setting’, cuidar do espaço, da luz, da câmera, do som...  montar um ambiente para esta comunicação funcionar.

Na contrapartida, se eu estou no papel de escuta,  é preciso aceitar, ter uma certa empatia e adaptação  para que a comunicação aconteça, independentemente do cenário em que o outro se encontra. Nos ambientes atuais, onde muitos de nós estamos trabalhando em casa, por exemplo, há que se permitir o cenário do outro, onde em alguns momentos os filhos estão por perto, a rotina da casa continua, e eu – quando no papel da escuta - preciso que me aceitem no cenário que eu estiver – é preciso uma certa tolerância com a aparente ‘bagunça’, com o  ‘caos’, buscando  tratá-lo como como algo natural do ambiente novo em que estamos inseridos. É somente a partir desta verdadeira aceitação e clareza do papel e do local em que estamos inseridos, que a comunicação AFETIVA pode começar a se tornar EFETIVA.

Como segundo aprendizado, precisamos aprender a perceber o ‘poder da pergunta’ na concepção de uma comunicação mais assertiva. Perguntas abertas que possibilitem a sequência do diálogo divergem completa e totalmente de perguntas que expressam opiniões fechadas, que, ao contrário, encerram discussões ou deixam o ambiente das conversas estranhos. Importante entender que no ambiente digital, onde não temos a presença física do outro na comunicação, estamos a apenas um botão de sairmos de qualquer reunião, por exemplo.

Se facilitar um diálogo presencialmente já tem seus desafios, no ambiente online fica muito mais difícil se nos fecharmos em conceitos e ideias que possam nos fazer perder a interlocução. Objetividade, clareza e transparência são absolutamente necessários nos Diálogos do Agora!

E o terceiro aprendizado foi sobre como trabalhar equipes e pessoas à distância. Trouxe a relevância do estabelecimento de um ‘ciclo na comunicação’, onde é necessário a condução de acordos, protocolos e respeito aos combinados, citando a importância de fazermos as coisas DE PROPÓSITO. Mas o que é isso, afinal? Seria seguirmos uma coerência entre o que dizemos e fazemos, explicitando o tempo inteiro o ‘Por Quê’ fazemos o que fazemos e o que esperamos do outro na contrapartida.

Segundo Daniel, nunca podemos perder de vista a percepção de qual nossa missão na comunicação e nossa responsabilidade em conduzirmos todo o processo!  

Para ele há quatro valiosas dicas para a efetividade na comunicação remota, que são:

  1. A percepção do ambiente / do contexto e do meu papel na comunicação;
  2. A busca por um ganho maior de consciência (analisar o dia, anotando 3 coisas que me fizeram bem e 3 coisas que me fizeram mal, por exemplo);
  3. A busca pelo aprendizado contínuo, tornando-o explícito a todos da equipe (utilizando-se de canais  de comunicação interna da empresa, por exemplo)  – este processo de comunicação substitui o momento do ‘cafezinho ‘ nas empresas – onde as pessoas trocavam impressões e dicas a respeito do que estão lendo, assistindo, aprendendo em sua vida cotidiana umas com as outras;
  4. A construção e manutenção de redes de apoio ( podendo ser profissionais ou simples pessoas com capacidade de escuta).

Dicas sobre comunicação ‘com efetividade’ em tempos remoto

- aproveite os benefícios da ‘assincronia’  - nem tudo o que comunicamos hoje está sendo visto imediatamente – vivemos em tempos onde as ferramentas digitais oportunizam nossa comunicação , envio de mensagens o tempo todo, o que não significa que elas vão ser percebidas ou respondidas de imediato - entender e aceitar a ‘espera’ - aprender a lidar com a ansiedade

- conduzir a comunicação (para que a espera no retorno da comunicação seja tranquila/consciente; explicitar tempos de respostas, combinar retornos, ser explícito quanto a prazos e feedbacks)

- respeite a cadência – cadência traz dois aspectos: ‘da condução’ e ‘do feedback’

gerenciar e atualizar a comunicação respeitando a diversidade , as diferenças entre pessoas, grupos e ambientes , respeitando combinações, entendendo que estamos num movimento vivo / onde as coisas estão acontecendo a nossa volta e é preciso estar ligados aos movimentando de forma orgânica para que a comunicação aconteça aqui  

- métodos ágeis – pensamento sistêmico e entrega de valor  – o quanto estamos olhando para o que se faz, os grupos que participamos e tendo clareza sobre entrega de valor. Que valor é este que temos que trazer? E  o quanto isso ajuda no processo da comunicação? O que isso tem a ver com ATITUDE ?

Foco na entrega de valor  e o quanto isso ajuda na construção de conceitos

- ATITUDE positiva nas ações de comunicação – o quanto se mostrar vulnerável e se colocar disponível ajuda no processo da comunicação, que tem ligação com a expectativa, com a cadência, com quem está conduzindo a conversa e com a questão da entrega de valor que está implícito em todo o processo

A atitude positiva de quem conduz a comunicação torna o receptor/ o grupo mais aberto a ouvir, entender, cooperar com os resultados  

Estamos em épocas onde realizamos o nosso trabalho, porém temos a oportunidade de estar disponíveis para estar em outros projetos, nos disponibilizarmos ao outro. Épocas em que a colaboração desponta com autorresponsabilidade.

Em tempos de crise, alternância entre estilos de liderança podem trazer maior resultado na comunicação com as equipes; descobrir quem são as pessoas do time e quem são as pessoas dentro de nós mesmos, pode fazer total diferença !

CORAGEM ACIMA DE CONFORTO! (Brené Brown)

 

Daniel Wildt é sócio e mentor na WILDTECH, blogger e tem um canal no YouTube, além de fundador e diretor na empresa uMov.me.

 

segunda-feira, 6 de Julho de 2020 - 11h11

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